Treinar quando não existe treinamento
Imaginar nosso desempenho em qualquer prática esportiva demonstrou ser um complemento altamente produtivo para melhorar nosso desempenho esportivo como um todo.
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ENTRARO aquecimento ou warm-up, tem um papel importante durante as atividades seja melhorando o desempenho ou então diminuindo a possibilidade de sofrerem lesões.1,2 A importância sobre o desempenho é tamanha que o aquecimento é estudado há mais de 30 anos.3 O principal objetivo é diminuir a rigidez dos músculos e articulações, estimular o fluxo sanguíneo periférico, aumentar a temperatura muscular e melhorar a condição de mobilidade.4 Naqueles casos que não existam nenhum dos casos anteriores, o objetivo principal não pode ser atingido. Um bom aquecimento contribui ativamente com o desempenho no dia do jogo. Desta forma, em uma revisão sistemática com meta-análise foi identificada expressiva melhora no desempenho dos atletas, ou seja, 79% depois de terem realizado o aquecimento e um aumento que varia de 1% a 20% em função do tipo de estudo.5 Por outro lado, somente 3% dos casos de desempenho diminuíram depois de terem realizado aquecimento, sendo que o principal motivo pelo qual foi realizado não era apropriado para a atividade que aconteceria em seguida.5
Se quisermos que o aquecimento seja eficiente deveremos adicionar pontos específicos para as atividades que serão realizadas. Por exemplo, um estudo com o objetivo de analisar o efeito do aquecimento, composto por 12 jumping jacks, sobre velocidade, força e precisão.6 As provas consistem em máxima velocidade utilizando uma bicicleta, com máxima distância possível, distância máxima conquistada com o lançamento de bolas de beisebol e a quantidade de tiros livres marcados. Levando em consideração o aquecimento não abordou pontos específicos durante as provas que a posteriori seriam realizadas, não esperando um melhoramento no desempenho do atleta. Observamos nas diferentes provas realizadas que existem diferenças entre realizar aquecimento ou não realizá-lo.6
Outro aspecto vinculado ao aquecimento que pode influenciar no desempenho dos atletas é o tempo entre o final do próprio aquecimento e o início do jogo, o que conhecemos como post-warm-up. Dependendo da intensidade e durabilidade do aquecimento, é provável que o desempenho melhore caso a duração do post-warm-up seja suficiente para que as reservas de fosfocreatina se restabeleçam (~5 minutos). Ao mesmo tempo é importante que a temperatura corporal não diminua, o que dependerá da intensidade e da duração do aquecimento e das condições ambientais. Isso começa a acontecer entre 15 e 20 primeiros minutos. David Bishop, por exemplo, estabeleceu que um intervalo de tempo superior a 5 minutos, mas não inferior entre 15 e 20 minutos, provavelmente seja ideal para melhorar o efeito de ergonometria do aquecimento de curto prazo.7
Também estivemos atentos aos descansos realizados pelos atletas de esportes em equipe. Normalmente durante o processo de descanso destes atletas é utilizado para hidratação e escutar todas as instruções técnicas necessárias, fazendo-o de forma passiva o que gera uma diminuição da atividade muscular e da temperatura corporal, reduzindo assim o rendimento e o aumento no risco de lesões. Por diferentes motivos vários pesquisadores investigam as influências sobre o período de descanso e o desempenho no começo do segundo tempo e as diferentes estratégias, o que é conhecido como re-warm up, para evitar alterações negativas que aconteceram durante o período de descanso.8-11
Sabemos que o aquecimento é fundamental para se ter um desempenho ótimo. Entretanto, existem poucas evidências científicas que podem divergir de técnicas empregadas nas diferentes situações. Em uma recente revisão sistemática que foi publicada na reconhecida revista Sports Medicine que contou com a participação do Dr. Mikel Izquierdo que avaliou os efeitos das estratégias durante o warm-up, post-warm-up e re-warm-up se comparado ao desempenho das ações de explosão nos esportes em equipe.12 A revisão incluiu 30 estudos, dos quais 19 abordaram especificamente o warm-up, 5 o post-warm-up, e 6 o re-warm-up.
Como os resultados principais, os autores observaram que realizar um bom aquecimento ao realizar séries de 8 sprints com 60 metros colaborou na melhoria da capacidade de realizar novos sprint. Além disso, 7 minutos de exercícios dinâmicos após 5 minutos de corrida também ajudaram no desempenho dos sprint, saltos e na agilidade em geral. Jogar em espaços reduzidos também parecer ser uma excelente estratégia, especialmente para o desempenho nas provas de salto. Nestes casos o aquecimento foi seguido de descanso passivo, entre 2 e 10 minutos, antes do recomeço das atividades. Quando o período de descanso acontece sentado, observamos uma diminuição entre 4 e 6% da capacidade de sprint e entre 12 e 20% para saltos. Durante este post-warm-up, utilizamos estratégias diferentes, ou seja, ficar em pé ou usar cobertores térmicos que mantêm o desempenho dentro do esperado, mesmo com um descanso simples. Entretanto, se o intervalo entre o final do aquecimento e início do jogo for superior a 15 minutos, realizar atividades de alto impacto como reativação é um fato que necessita ser observado. No descanso, novamente observamos uma queda no desempenho quando o atleta permanece sentado. E como estratégias de re-warm-up, os cobertores térmicos tiveram melhores efeitos que o descanso se comparados com o resultado dos sprint e dos saltos. Com a realização de atividades excêntricas foi prejudicial para o desempenho, apresentando efeitos limitativos para sprint e saltos.
No esporte de elite, a distância entre vencer e perder é ínfima já que pequenos detalhes podem fazer grandes diferenças, sobretudo no desempenho dos atletas. Por isso, técnicos e fisiologistas passam a maior parte da temporada criando e gerando estratégias que possam contribuir com melhores resultados e diminuindo todos os riscos de lesões. Como vimos durante a apresentação do texto, a diferença pode ser simplesmente entre estar sentado no banco de reservas ou permanecer em pé esperando ser convocado.
Javier S. Morales
Referências:
Um editorial publicado na revista The Orthopaedic Journal of Sports Medicine —em que participaram alguns membros dos serviços médicos do clube— propõe considerar também a arquitetura íntima da zona afetada, ou seja, valorizar a matriz extracelular, como ator fundamental no prognóstico da lesão.
Muitos dos inúmeros estudos a esse respeito, contudo, analisam essas exigências tendo apenas em conta algumas variáveis ou empregando janelas de tempo muito alargadas. Um novo estudo realizado por preparadores físicos do F.C. Barcelona analisou vários desses dados com mais precisão.
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