March 26, 2021
Psicologia
Desportos Colectivos
Qual a importância da data de nascimento na carreira dos atletas?
Um dos maiores objetivos que os agentes que participam do esporte de elite, ou seja, pais, técnicos, cientistas, gestores etc., justamente é o de entender quais são os principais aspectos para conquistarem o sucesso. A influência que o mês de nascimento tem sobre os atletas é um dos aspectos que mais interesse desperta ao compreender como aumentam ou diminuem as probabilidades para conquistarem o sucesso no esporte. Nas categorias de base, os atletas que nasceram entre os meses de janeiro e dezembro do mesmo ano são unificados na mesma categoria dentro de um campeonato. Entretanto, o amadurecimento dos jovens que nascem nos primeiros meses do ano normalmente é mais avançado do que os que nasceram nos últimos meses do ano. Essa diferença no processo de amadurecimento é denominada Efeito relativo da idade (ERI).2,3,4 Contar com a participação de jovens que tenham um desenvolvimento biológico semelhante contribui para vitorias em jogos e campeonatos, mesmo que o perdedor tenha melhores condições técnicas, táticas e um grande talento. Essa aposta pela vitória nas categorias de base pode induzir a que se selecionem jovens mais nível de maturidade, apesar de terem talentos limitados. Mas, realmente é importante a data de nascimento para a carreira esportiva dos atletas de futebol?
Em uma recente publicação4 foram estudadas as datas de nascimento e o sucesso na carreira esportiva de 1071 atletas de um mesmo clube de elite nos últimos 20 anos. Criamos 6 categorias divididas em grupos tão logo foram contratados pelo clube: sub-12 (n=474), sub-14 (n=167), sub-16 (n=182), sub-19 (n=121), além das equipes reservas (n=192) e o grupo principal (n=35). A data de nascimento dos atletas foi dividida em 4 categorias. Grupo 1: nascidos durante o primeiro trimestre do ano (entre janeiro e março); Grupo 2: nascidos durante o segundo trimestre do ano (entre abril e junho); Grupo 3: nascidos durante o terceiro trimestre (entre julho e setembro) e o último grupo, ou seja, o Grupo 4: nascidos no último trimestre do ano (entre outubro e dezembro).
Os resultados sugerem conclusões extremamente relevantes conforme a seguir: (i) os atletas nascidos durante o primeiro trimestre do ano desenvolvem mais probabilidades de participarem do grupo profissional do clube e existem maiores oportunidades de chegarem à elite do que aqueles que nasceram no último trimestre. Isso confirma o efeito de desvantagem do ERI em atletas jovens. A quantidade de atletas que nasceram no primeiro e segundo trimestre do ano foi significativamente superior (p<0,01) se compararmos com aqueles que nasceram no terceiro e quarto trimestre, ao serem analisadas as categorias sub-12, sub-14, sub-16 e sub-19 e no grupo reserva. Na equipe principal não foram detectadas diferenças significativas, apesar haver uma distribuição parelha e similar. A porcentagem de atletas nascidos durante o primeiro trimestre em cada uma das categorias foi de 45,4 (sub-12), 46,5 (sub-14), 50,9 (sub-16), 44,5 (sub-19), 39,8 (equipe reserva) e 36,4 (equipe principal). Em relação ao momento de admissão no clube 45,1% dos atletas foram constatados que eles nasceram durante o primeiro trimestre. Somente 10,1% nasceram durante o quarto trimestre. (Iii) Entretanto, uma vez que o jovem atleta tenha superado o processo de seleção e é contratado por um clube, as probabilidades de se tornar um profissional são superiores para os que nasceram nos primeiros trimestres do ano. As probabilidades de que um atleta chegue a ser profissional são 3 vezes superiores para os que nasceram durante os primeiros trimestres do que os atletas que nasceram durante o quarto trimestre. Dos 40 atletas (4,7% do total) que chegaram a se profissionalizarem, 18 nasceram durante o primeiro e 9 durante o quarto trimestre. Ou seja, 11,1% dos que nasceram durante o primeiro trimestre conseguiram se profissionalizar e somente 4,5% dos que nasceram durante o quarto trimestre chegaram lá.
Talvez os clubes não deveriam se preocuparem com o sucesso quando estiverem trabalhando com categorias inferiores. Sabemos que apostar em jovens com mais maturidade e que seja prematura contribui com as probabilidades de ganharem jogos e conquistarem campeonatos. Trata-se de apostar no talento, mesmo que sejam de atletas biologicamente mais imaturos e que não garantam sucesso a curto prazo. O desenvolvimento biológico pode ser aprimorado; entretanto o talento técnico e tático não pode. O efeito relativo da idade pode induzir a que descartemos jovens com grandes habilidades para chegarem ao grupo de elite.
Carlos Lago Peñas
Referências:
1 Brustio, P. R., Lupo, C., Ungureanu, A. N., Frati, R., Rainoldi, A., & Boccia, G. (2018). The relative age effect is larger in Italian soccer top-level youth categories and smaller in Serie PloS one, 13(4), e0196253.
2 Cobley, S., McKenna, J., Baker, J., & Wattie, N. (2009). How pervasive are relative age effects in secondary school education? Journal of Educational Psychology, 101(2), 520.
3 Musch, J., & Grondin, S. (2001). Unequal competition as an impediment to personal development: A review of the relative age effect in sport. Developmental review, 21(2), 147-167.
4 Gil, S.M., Bidaurrazaga-Letona, I., Martin-Garetxana, I., Lekue, J.A., & Larruskain, J. (2019). Does birth date influence career attainment in professional soccer? Science and Medicine in Football, DOI: 10.1080/24733938.2019.1696471.
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