Atenção, concentração e emoção no esporte
Atenção é a capacidade de percepção correta dos estímulos no nosso entorno. Um exemplo pode ser uma partida de futebol, onde estes estímulos são diversos e muito amplos.
Com o objetivo de descrever a resposta condicional dos jogadores em competição como, por exemplo, a distância em corrida, está sendo usado o valor médio percorrido (em metros por minuto) durante uma parte ou partida completa. Posteriormente, períodos mais curtos da partida começaram a ser tomados (por exemplo, 15 min em Robinson, O’Donoghue, Wooster, 2011 ou 5 min em Bradley e Noakes, 2013), com os quais foram revelados períodos mais intensos. Contudo, foi comprovado recentemente (Gabbet et al., 2016) que estes valores, tomados de períodos estáticos, poderiam não representar os cenários de máxima exigência, ou “EME”. Recentemente, a aplicação da técnica rodante (Varley et al., 2012) permitiu constatar a presença de cenários mais exigentes, a partir do ponto de vista condicional, que os valores médios usados até agora (Serão os jogos reduzidos a solução para todos os nossos problemas?).
Com esta técnica se transfere, segundo a segundo (ou frame a frame, em inglês, conforme a unidade de amostra), o período ou intervalo escolhido (por exemplo, 1, 3, 5 ou 10 min), detectando os valores mais altos da(s) variável(is) física(s) tomada(s) como referência (por exemplo, distância percorrida acima de 14 Km·h-1). As duas magnitudes, o período ou a janela de tempo estabelecido e a variável de rendimento físico escolhida, seguem a relação matemática representada pela lei potencial ou Power Law (Katz y Katz, 1999). À medida que a janela for maior, o valor relativo da variável condicional se reduz. No futebol, por exemplo, quando a janela é próxima dos 15 minutos, os valores na variável condicional são muito similares aos valores médios de uma parte ou da partida completa (Lacome et al., 2018).
Os cientistas do esporte, além de se afinarem na descrição dos EME (Martín-García et al., 2018), começam a mostrar interesse em saber se o processo de treino é capaz de reproduzir estes cenários. Concretamente, eles se perguntam se existem tarefas jogadas que permitem essa reprodução (Lacome et al., 2018). Neste contexto, o trabalho apresentado explora esta temática aplicando dois aspectos originais: em primeiro lugar, conectando os EME de várias variáveis simultaneamente e, em segundo lugar, os EME dos jogos posicionais foram comparados em termos relativos aos EME registrados por cada jogador em competição (por exemplo, distância percorrida em % com relação a seu EME em competição para essa mesma variável).
Os participantes foram 21 jogadores da equipe reserva do Barça durante a temporada 2015-16, que foram divididos nas demarcações habituais: defesa central (CD, n=4), defesa lateral (FB, n=6), meio de campo (MF, n=3), meio de campo ofensivo (OMF, n=3) e atacante (FW, n=5). As janelas de tempo e os jogos de posição estudados foram: 1) janelas de 5 min para os jogos reduzidos (SSG) [SSG5, jogadores por equipe = 5, goleiros = 2, dimensões = 33*40 m e duração = 6 ±1 min; SSG6, jogadores por equipe = 6, goleiros = 2, coringas = 1, dimensões = 33*40 m e duração = 6 ±1 min] e de 10 min para os jogos longos (LSG) [SSG9, jogadores por equipe = 9, goleiros = 2, dimensões = 72*65 m e duração = 12 ±3 min; SSG10, jogadores por equipe = 10, goleiros = 2, dimensões = 105*65 m e duração = 11 ±3 min] e para as partidas de competição, que tiveram uma janela temporal de 45 min. As variáveis analisadas foram representativas dos diferentes sistemas de movimento (locomotor, mecânico e energético), bem como a distância total percorrida ou a percorrida em alta velocidade, acelerações/desacelerações ou variáveis relacionadas à potência metabólica, respectivamente. Os principais resultados são mostrados nas seguintes três figuras (1, 2 e 3). Os gráficos representam a porcentagem com respeito aos períodos de máxima exigência da partida com relação a distância em metros por minuto (Figura 1), distância a mais de 25 Km·h-1 (Figura 2) e número de acelerações ou ACC (Figura 3). A linha pontilhada vermelha representa 100%, ou seja, marca o limite onde seriam reproduzidos os EME da competição.
As principais conclusões do estudo foram as seguintes:
É necessário mais informação sobre os EME da competição e observar se os formatos jogados são capazes de reproduzi-los. Sua aplicação está relacionada ao mitridatismo ou à autoproteção destes EME, sendo sua tolerância obtida a partir de acostumar-se a eles. É daqui que surge a necessidade de propor no processo de treino contextos em que estes cenários emerjam (por exemplo, elaborar tarefas específicas), dando a oportunidade para que o jogador fique imune e possa encarar, com garantias (por exemplo, reduzindo o risco de lesão) a este tipo de cenários de alta exigência condicional que possam surgir em competição.
Artigo original
Martín-García, A., Castellano, J., Gómez, A., Cos, F., e Casamichana, D. (2019). Positional demands for various-sided games with goalkeepers according to the most demanding passages of match play in football. Biology of Sport, 36(2), 171–180.
Referências
Julen Castellano
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