Treinar quando não existe treinamento
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ENTRARAtualmente uma das principais características do futebol é o aumento das jogadas realizadas em altas velocidades. É de vital importância isso, pois foi constatado que a maioria dos gols e passes decisivos aconteceram depois de um excelente sprint.1 Por outro lado, também devemos levar em consideração que lesões que perduram por mais tempo nos atletas,2 são as lesões dos músculos isquiotibiais e mais da metade das incidências acontecem durante um sprint.3 Esta vertente expõe o sprint em uma fina linha paradoxal: O desempenho final no futebol está relacionado com a capacidades de realizar jogadas rápidas e ao mesmo tempo aumentam o risco de lesões.
Isso poderia mascarar um sprint em um “inimigo” ao ser evitado durante os treinamentos de atletas. Em contrapartida, de acordo com especialistas como Jurdan Mendiguchia ou Jean-Benoît Morin, o sprint deveria ser o “meio e o objetivo de qualquer estratégia de prevenção eficaz”,4 oferecendo uma “vacina” às lesões musculares de isquiotibiais. Isso contrasta com as estratégias de prevenção de lesões mais comuns, as quais não levam em consideração muitas ocasiões durante a interação dos diferentes fatores de risco envolvidos na ação de um sprint e focalizam fatores de maneira isolada como, por exemplo a força. Além disso, um problema associado é a força que normalmente usamos e avaliamos durante ações com baixa velocidade e padrões de movimentos que não sejam específicos de um sprint.5 Por isso, as demandas solicitadas para melhorar as condições de um determinado grupo muscular durante protocolos empregados “parecem insuficientes” se comparadas com as de uma ação de um jogo real.4 Por exemplo, os exercícios normalmente empregados para o fortalecimento e necessitam entre 18 e 75% da atividade eletromiográfica que os isquiotibiais alcançam durante um sprint.6
Com tudo isso, a prevenção das lesões musculares nos isquiotibiais requer um enfoque global ao tratar o próprio sprint como deve e colocar no centro dos programas de prevenção. Isto coincide com os dados de um estudo que avaliou atletas que fizeram atividades com mais de 95% do seu potencial de máxima velocidade desenvolveram menos riscos de se lesionarem ao compará-los com aqueles que o fizeram com 85%.7 Assim, a exposição regular às ações de um sprint parece agir como uma “vacina”, ao reduzir riscos de lesões musculares.4
Esta proposta metodológica segue a mesma linha que o estudo de consenso, que recentemente foi publicado8 e que contaram com a participação de membros do departamento médico do FC Barcelona no qual sugerem que treinamentos com o uso de sprint pode ser uma das estratégias mais eficazes no combate à lesões. Apesar dos diferentes conceitos a proposta é coerente e ainda não existem evidências experimentais que confirmem que o sprint seja um exercício que colabora na redução das incidências de lesões na zona muscular isquiotibial. Por isso, os renomados pesquisadores Jurdan Mendiguchia e Pedro Jiménez-Reyes recentemente publicaram um estudo sobre a comparação dos efeitos sobre o desempenho nas ações de alta velocidade e a arquitetura muscular do treinamento excêntrico dos isquiotibiais (grupo “nórdico”), uma das propostas metodológicas mais usadas, com o treinamento de sprint (grupo “sprint”) (anexamos o programa de treinamento de sprints na Tabela 1).9
Os resultados demonstraram que o grupo “sprint” conseguiu melhorias do pequeno ao grande em variáveis sobre o desempenho de um sprint (força, potência, valor médio máximo de força), com a excepção da velocidade máxima (Figura 1). Em contrapartida, foram observadas alterações negativas ou comuns no grupo “nórdico” ou no grupo “futebol” (seguiram treinando normalmente). Em relação à arquitetura da porção longa do bíceps, o grupo “sprint” aumentou substancialmente a largura (grupo “sprint” 16% vs grupo “nórdico” 7%) (Figuras 1 e 2).
É importante destacar que os atletas de futebol com cabeças de bíceps femoral mais curtas (<10,56 cm na média) possuem até quatro vezes mais risco de se lesionarem por distensões dos isquiotibiais que os atletas com fáscia mais longa.10 Assim, para cada 0,5 cm no aumento da largura, diminui ~74% os riscos de lesões. Por isso, vemos e podemos ler no artigo de Mendiguchia e colaboradores,9 o grupo “nórdico” aumentou uma ~de 0,7 cm, enquanto que o grupo do sprint uma ~de 1,6 cm. Desta forma, presumimos que um programa de treinamento integral com sprint reduziria, de forma expressiva, os riscos de lesões nos isquiotibiais.
Por outro lado, vemos e podemos ler no estudo que foi disponibilizado para avaliações de perfil força, velocidade e potência durante uma temporada em uma equipe da primeira divisão espanhola11 a força e a potência máxima alcançam seus valores ideais durante a metade da temporada, mas diminuíram na parte final. Assim, um programa com sprint poderia ser eficaz para diminuir a que foi observada durante uma temporada.
Para resumir, Pascal Edouard e colaboradores sugerem que “os atletas e técnicos devem levar em consideração que o sprint é como um processo de imunização”. Ou seja, se exporem ao “veneno” (neste caso ações com alta intensidade) aos poucos com o objetivo de aumentar a proteção antes de um estímulo mais agressivo.4 Por isso, o sprint, distante de ser parte do problema é parte da solução proposta. Em base a tudo o que foi exposto, o planejamento e a implementação cautelosa dos treinamentos com sprint em alta velocidade para determinados momentos deveria ser parte do programa integral de um atleta que tenha como objetivo o aumento do desempenho e atenuar os riscos de lesões.
Adrián Castillo
Referências:
Um editorial publicado na revista The Orthopaedic Journal of Sports Medicine —em que participaram alguns membros dos serviços médicos do clube— propõe considerar também a arquitetura íntima da zona afetada, ou seja, valorizar a matriz extracelular, como ator fundamental no prognóstico da lesão.
Muitos dos inúmeros estudos a esse respeito, contudo, analisam essas exigências tendo apenas em conta algumas variáveis ou empregando janelas de tempo muito alargadas. Um novo estudo realizado por preparadores físicos do F.C. Barcelona analisou vários desses dados com mais precisão.
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