É preciso ter um equilíbrio entre a incorporação da tecnologia e a paixão dos torcedores, mas não devemos esquecer que principalmente são torcedores de esporte e de tradição. Este conselho foi destaque nas apresentações da segunda jornada do Barça Sports Technology Symposium, focado para a gestão de grupos e afinidade dos usuários, bem como à responsabilidade social dos clubes esportivos.
Lealdade de torcedores
Na primeira exposição Mobile Obsessed, David Bailey apresentou a curva de audiências da Fórmula 1. O monitoramento das informações mostra três picos de audiência; nas quartas-feiras, com os preparativos do Grande Prêmio, depois no sábado, quando nas provas de qualificação e, finalmente, no domingo, durante a corrida. Um dos aspectos mais relevantes dessa análise é que o gaming seguia a mesma evolução e marcava a mesma audiência. Quanto aos dispositivos, Bailey enfatizou a diversidade de mídias para acompanhar a Fórmula 1, mas destacou que elas têm mais permanência e sessões mais prolongadas do que aquelas que as assistem pelo computador e laptops do que aquelas que usam tablets ou smartphones.
Na Inglaterra, há 14 milhões de pessoas interessadas em esportes, revelou Nichola Spencer, da Rugby Football League, que criou um aplicativo, o Our League, para responder ao interesse e fidelizar torcedores desse esporte. O desenvolvimento da ferramenta teve uma grande dependência de dados dos usuários para personalizar conteúdos, embora seu ponto forte tenha sido o desenvolvimento de espaços para que eles possam opinar, que é o que eles mais desejam. Também é curioso que tenha sido assinado um acordo com a Twitch, uma plataforma de streaming que transmite jogos de videogames, mas originalmente foi criada para retransmitir jogos. Uma estratégia para levar o rugby ao público mais jovem.
A UEFA não pode vender ingressos só da final de seus campeonatos, não retransmite jogos e as informações esportivas são trabalhadas pela mídia. Penelope Tomasi, CRM Manager da UEFA, contou como, com tão pouca margem de investimentos, a organização encontrou seu espaço através da tecnologia. O valor de marca que eles têm é o dos dados oficiais. Os torcedores consultam seus serviços digitais, porque as informações são consideradas como verdadeiras, embora a UEFA ainda tenha que competir com o Google, que mantém o controle das buscas e as coloca em primeiro lugar no buscador, e a Wikipédia, que coleta dados estatísticos. Entretanto, o App UEFA TV alcançou 200 milhões de visualizações com imagens de arquivo feitas pelos seus torneios. Por outro lado, quando são vendidos ingressos, a organização também fornece experiências. Com seu aplicativo, o torcedor organiza a viagem em partes e conta com um guia para visitar a cidade que for sede do jogo.
Ao perguntar para cada usuário sobre a legislação da privacidade de dados pessoais e os planos de personalização destes apps, Bailey admitiu que foi necessário mudar de estratégia várias vezes e, pelo contrário, Tomasi agradeceu que exista mais segurança jurídica. Spencer, por outro lado, lamentou que as opções para a aceitação das condições acabam sendo traduzidas em uma seleção de registros e, portanto, de novos usuários.