Treinar quando não existe treinamento
Imaginar nosso desempenho em qualquer prática esportiva demonstrou ser um complemento altamente produtivo para melhorar nosso desempenho esportivo como um todo.
O número de jogos oficiais disputados em cada temporada pelos atletas profissionais de futebol aumentou de maneira exponencial nos últimos anos. Além dos jogos habituais das ligas, os melhores times têm jogos em ligas europeias, Copas e encontros internacionais com as suas respectivas seleções. Se nos anos 70 o número de eventos que o time campeão da Eurocopa disputava era de aproximadamente 40 jogos, nestes últimos anos esse valor superou os 70 jogos. Como, por exemplo, na temporada 2018/2019, Heung-Min Son (Tottenham Hotspur e Coreia do Sul) e Alisson Becker (Liverpool e Brasil) participaram de 78 e 72 jogos e correram mais de 110.000 e 80.000 quilômetros respectivamente. Os times são forçados a participar de dois jogos em um intervalo de tempo muito pequeno. E isso pode gerar riscos na participação de atletas em muitos jogos. A sobrecarga de jogos é considerada uma ameaça ao rendimento dos times.1,2
Em uma recente pesquisa3 ficou demonstrado como os times de futebol que não tiveram descanso durante o inverno, na próxima temporada terão mais chances de sofrerem lesões. Um estudo publicado pela revista British Journal of Sports Medicine em 2018 baseado na análise de 56 times de elite de 15 países europeus durante sete temporadas consecutivas (2010/2011-2016/2017). Um membro do corpo técnico de cada clube registrou estas lesões e a participação de cada jogador em treinamentos e jogos. As férias de inverno foram definidas pelo número de dias de descanso do time entre uma atividade (treinamentos ou jogos) antes do descanso e a primeira atividade (treinamentos ou jogos) posterior. A duração média das férias de inverno foi de 10,0 dias (mínimo de 4,3 dias na Escócia e máximo de 29,5 dias na Dinamarca). Na Inglaterra não houve férias.
Os resultados sugerem conclusões extremamente relevantes:
As aplicações práticas deste trabalho sugerem que, a inclusão de períodos de descanso durante a temporada, pode ser uma excelente alternativa para reduzir os riscos por lesão. Além de tudo, de acordo com o relatório, At the Limit: Player Workload in Elite Professional Men’s Football4 elaborado pela FIFPro outras medidas podem ser muito importantes:
Carlos Lago Peñas
Referências:
1 Ekstrand J, Waldén M, Hägglund M. A congested football calendar and the wellbeing of players: correlation between match exposure of European footballers before the World Cup 2002 and their injuries and performances during that World Cup. Br J Sports Med 2004; 38:493–7
2 Ekstrand J, Waldén M, Hägglund M. Hamstring injuries have increased by 4% annually in men’s professional football, since 2001: a 13-year longitudinal analysis of the UEFA Elite Club injury study. Br J Sports Med 2016; 50:731–7.
3 Ekstrand J, Spreco A, Davison M. Elite football players that do not have a winter break lose on average 303 player-days more per season to injuries than those teams that do: a comparison among 35 professional European teams. Br J Sports Med 2019; 53:1231–5.
4 FIFPro. At the Limit: Player Workload in Elite Professional Men’s Football4 2019. https://fifpro.org/attachments/article/7689/At%20The%20limit%20-%20Player%20Workload%20in%20Elite%20Professional%20Men’s%20Football%20-%20Final%20Report.pdf
Um editorial publicado na revista The Orthopaedic Journal of Sports Medicine —em que participaram alguns membros dos serviços médicos do clube— propõe considerar também a arquitetura íntima da zona afetada, ou seja, valorizar a matriz extracelular, como ator fundamental no prognóstico da lesão.
Muitos dos inúmeros estudos a esse respeito, contudo, analisam essas exigências tendo apenas em conta algumas variáveis ou empregando janelas de tempo muito alargadas. Um novo estudo realizado por preparadores físicos do F.C. Barcelona analisou vários desses dados com mais precisão.
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