A estatística é atualmente um conceito bastante utilizado no mundo do desporto, que despertou o interesse de diferentes profissionais, não só managers, analistas, analistas de vídeo, jornalistas de dados, médicos, preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e treinadores, mas também, até, os próprios jogadores. Apesar desse grande interesse, antes de mais, deveria ter-se em mente que a estatística é uma ciência jovem, que aprende com os dados e que também visa medi-los, controlá-los e comunicá-los.
Os profissionais de estatística, os estatísticos, não são vistos apenas como aqueles que descrevem a variabilidade ou ajustam os modelos estatísticos para ajudar na tomada de decisões, pois também participam na conceção dos estudos e têm de atentar à “c-speak”, uma linguagem comum entre estatísticos e profissionais ou executivos da área, neste caso, do desporto. Hoje em dia, as estatísticas desportivas são frequentemente conhecidas como análises desportivas (“Sports Analytics”).
A área da análise desportiva cresceu exponencialmente, graças à ciência da computação, e também abrange outras subáreas (como, por exemplo, as ciências do desporto, as ciências comportamentais, a medicina ou a visualização de dados), além da estatística com uma abordagem mais tática e do rendimento desportivo (1).
Estamos perante uma nova cultura que provavelmente pede mudanças na organização para se poder fazer face aos dados. Na análise desportiva, como noutras áreas, essa mudança não será imediata. Para já, os clubes desportivos começaram a criar e renovar os departamentos de análise desportiva, o que permite, desde logo, aproximar diferentes profissionais do mesmo corpo técnico (analistas, preparadores físicos, fisioterapeutas, treinadores) de cientistas de dados. Isto, em parte, ocorreu graças ao filme Moneyball – Jogada de Risco, às constantes inovações tecnológicas que estão atualmente disponíveis, às conferências populares de análise desportiva, tais como a Sloan, ou a trabalhos recentes de cientistas de dados desportivos como, por exemplo, Tim Gabbett.
Uma das especializações mais consolidadas em estatística é a bioestatística, que combina capacidades de estatística avançada aplicadas às ciências da saúde. O crescimento dessa especialização deu origem, sobretudo no meio académico, à criação de departamentos e associações de bioestatística e epidemiologia de prestígio já consolidados no mundo inteiro. Mas existem também especializações em estatística desportiva? Existem pois. Temos sabermetricians, profissionais de moneyball ou scouting, analistas desportivos e, também, já, a figura do bioestatístico desportivo, que combina competências de estatística avançada, epidemiologia, saúde pública, medicina e ciências do desporto, como se pode verificar na imagem 1. Esta nova profissão foi proposta pelos investigadores Caroline Finch e Martí Casals, nos seus mais recentes trabalhos publicados nas revistas Injury Prevention e British Journal of Sports Medicine (BJSM), onde relatam as novas oportunidades deste perfil e também relembram que a bioestatística pode ajudar a prevenir lesões e cuidar da saúde dos desportistas (2, 3).